Resenha
METAMORFOSES DO ESPAÇO HABITADO,
Fundamentos teórico e metodológico da geografia.
Milton Santos, Hucitec. São Paulo 1988.
No inicio de seu livro, Milton Santos apresenta um mundo novo, o da globalização que sobrepõe o período da internacionalização. Com o fim do imperialismo politico-econômico, resultado da revolução técnico cientifica que ocorreu nos últimos anos, o mundo passa por um processo mundial de integração politico, econômico e cultural que entretanto é dependente do progresso cientifico. Este, renunciando a toda a vocação de servir a sociedade, busca apenas o lucro desejado por produtores hegemônicos e acaba por se fragmentar impedindo uma visão global, atendendo a interesses utilitaristas. A globalização resultante é perversa, é uma concentração politica, econômica cultural e cientifica que gera um aumento das desigualdades sociais.
As ciências sociais não se excluem dessa situação. São descaracterizadas da mesma forma, desprezando os estudos globais e se submetendo aos interesses da produção, como as técnicas de marketing. Ou ainda apresentado as situações globais de forma dicotomizada ou maniqueísta, como as relações entre estado e a nação, ou ricos e pobres. Assim, elas se internacionalizam, usando de uma visão unidirecional do mundo, incapazes de uma visão total e ampla. Segundo o autor, a geografia não escapa também a essa critica, pois desenvolveu-se inicialmente a serviço do estado, sendo assim, pobre epistemologicamente. Entretanto o atual período histórico representa uma semente de uma mudança nessa tendencia devido ao aumento do conhecimento dos processos produtivos. Mas para isso é necessário colocar essas técnicas a serviço da humanidade. Cumpre agora libertar a tecnologia de finalidades simplesmente econômicas.
Diante de todo essa situação, a geografia fica como uma disciplina ameaçada pois a corrente utilitarista fragmentou-a serviço da produção, apresentando uma multiplicidade infinita tanto de espaços como de escolas impedindo-a de uma visão global coerente com o mundo atual. Para resolver esta situação o autor apresenta um novo método de que foge da síntese apresentando um método dialético. Considerando-se que o mundo mudou e os antigos métodos não são mais eficientes pois além de trabalharem com sínteses acabam por dicotomizar ou ainda fragmentar o espaço, é necessário q todas essas vertentes sejam integradas acompanhando o movimento continuo do espaço, que agora está em constante transformação. O uso do método do movimento das contradições complementares, integra de forma clara as varias categorias do espaço de maneiras a se ter uma visão global, e não mais parcial do espaço. É bom lembrar que o autor não rejeita as antigas categorias de analise mas as reformula como a região, que é articulada com o global sem ser determinante. Já a categoria primordial da geografia o espaço é passa por um imenso processo onde não é mais identificado como uma coisa mas como uma relação: coisas e relações conjuntas. Portanto, o espaço é compreendido se relacionando a outras realidades como a sociedade a natureza mediatizadas pelo trabalho. Assim o o objeto de estudo geográfico é o conjunto indissociável: espaço como forma e o conteúdo como a sociedade, que através de movimentos contraditórios constantes se transformam mutuamente.
É importante lembrar que Milton Santos não cai no simplismo de crer que seria possível formular teorias geográficas universais antes do advento de dados empíricos comprobatórios, e não os referentes a internacionalizam apresentada em tempos anteriores, mas a uma real mundialização. Sua contribuição nesse livro foi importantíssima para a compreensão teoria geográficas, rompendo com um ciclo de discursos críticos. Que sua suas palavras não fiquem restritas apenas pela vertente humana desta ciência, mas se espalhe por toda geografia trazendo uma visão totalizadora dos eventos geográficos, rompendo com a dicotomia geografia humana e física.
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